Caixa de pães de açúcar
Quando há alguns anos comecei a frequentar encontros de coleccionadores de pacotes de açúcar no estrangeiro, surpreendi-me com a quantidade de embalagens de açúcar com o formato do “pão de açúcar” que apareciam e com a grande procura que estas peças tinham por parte dos coleccionadores estrangeiros. Era curioso para mim ver todas aquelas formas cónicas, arredondadas na ponta, em coloridas embalagens de papel ou de celofane, nos mais variados tamanhos.
Já sabia que este era o formato dos blocos de açúcar que antigamente se produziam nos velhos engenhos, quando saíam das formas cónicas, depois de feita a decantação do “caldo de cana”. A cana era espremida e o caldo fervido e concentrado. O açúcar era então colocado nos moldes e drenado através dum único orifício que estes tinham, ficando no seu interior apenas um enorme torrão de cristais de açúcar.
Aliás, foi pela sua semelhança com estes pães de açúcar que os portugueses baptizaram com esse nome o enorme penhasco que viria a ser um dos símbolos da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil.
Curiosamente, o pão de açúcar continua a ser produzido com essa forma no norte de África, onde se encontra com facilidade em mercearias, embalado em papel pardo, cinzento ou azul forte, depois atado com um cordel e com um rótulo ou carimbo que o identifica. Em casa, pode ser raspado ou partido em torrões de forma irregular, segundo o fim pretendido.
Na Europa central, nomeadamente na Alemanha, continua a ser tradicional a produção do pão de açúcar, mas para uma finalidade diferente. É encharcado em rum e posto a arder, num suporte próprio, sobre um recipiente que contém vinho quente. O açúcar caramelizado e aromatizado pelo rum vai pingando sobre o vinho, o que faz uma bebida reconfortante para as noites frias de Inverno.
Depois de ter já na minha colecção talvez uma dúzia de pães de açúcar, em embalagens individuais diferentes, apanhadas aqui e ali, uma amiga ofereceu-me uma peça muito curiosa, que está ligada a esta tradição. Trata-se duma caixa de cartão onde se encontram, muito bem acondicionados, dez pequenos pães de açúcar embrulhados em papel vegetal.
E uma dessas caixinhas brancas, sem marca, viajou para Portugal e é uma das peças queridas que hoje guardo na minha colecção.
Rui Colaço
Sócio Nº 6 do CLUPAC
colaço.rui@gmail.com
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